Posso proibir o pai de ver minha filha?

Prezada Karine,

Infelizmente, é muito comum que as mãe enfrentem, rotineiramente, grandes dificuldades para receberem a justa e devida participação financeira dos pais nas despesas que decorrem do sustento dos filhos de ambos.
Normalmente, esse problema é maior quando o valor da pensão alimentícia não foi fixado ou homologado por uma decisão judicial, cujo descumprimento pode até levar à prisão do devedor.
Por outro lado, a convivência entre pai e filha é uma questão que diz respeito diretamente à possibilidade de uma criança se desenvolver com a participação de uma mãe e um pai, sem qualquer relação com a questão financeira.
A proibição de que uma filha tenha contato com o pai, mesmo que provocada pela falta de participação deste no sustento da própria filha, não pode ser visto como uma forma de punição do pai por estar faltando com suas obrigações, pois essa conta acaba sendo paga pela própria filha. Os efeitos desse afastamento infelizmente são desprezados pelas mães, muitas vezes por se sentirem negligenciadas por pais verdadeiramente irresponsáveis e ausentes, mas a verdadeira prejudicada é a filha.
A melhor alternativa é a conversação, o diálogo, a construção conjunta de um ambiente minimamente adequado para o crescimento e desenvolvimento dos filhos. Neste caso, da filha dos dois.
Discutir quem ficará com a guarda, como se fosse um troféu, é desprezar a necessidade que a filha tem de ser criada por pai e mãe.
Essa é a reflexão que merece ser feita.
Se necessário, deve ser buscada a ajuda profissional. Não para destruir o outro, mas para chamar cada um dos pais para o que é sua obrigação, pois ser pai ou mãe é muito mais do que trazer um novo ser ao mundo. Antes de mais nada, é se reponsabilizar e agir concretamente para que esse novo ser tenha as melhores condições possíveis e alcançáveis de se desenvolver com pessoa sadia, capaz de, no futuro, buscar sua própria felicidade. Sem traumas ou complexos.
Seus pais são os principais responsáveis por isso.
Nesse sentido é que devem ser pensadas todas as ações e todas as iniciativas. Vale a pena lutar pelo futuro da própria filha, mas há que se escolher o melhor caminho.
Somente o assessoramento jurídico qualificado, prestado por um profissional especializado, pode auxiliá-la nesse processo, que não é fácil mas é de extrema importância.

Espero ter contribuído para uma melhor compreensão da situação.

Cordialmente,